Rio -  O sonho de quem tem um dos 323.801 processos em tramitação nos 28 juizados especiais cíveis da cidade do Rio de Janeiro é ter a causa julgada com rapidez. Porém, o que para muitos demora até um ano, levou apenas 21 dias para a juíza Luciana Santos Teixeira.
A magistrada entrou com ação contra a empresa aérea TAM por má prestação de serviço e ganhou R$ 10 mil de indenização num julgamento ocorrido em menos de um mês, com sentença do juiz Cláudio Ferreira Rodrigues. A Corregedoria do Tribunal de Justiça apura a conduta dos dois magistrados.
Titular do 26º Juizado Especial Cível, Luciana entrou com a ação em 9 de julho, em Campo Grande, onde também fica o juizado dela e o 18º Juizado Especial Cível, onde Cláudio atua em mutirões. O processo foi distribuído no mesmo dia, e destinado à própria juíza.
Luciana, então, alegou impedimento para julgar a ação por ser a autora.
O pedido de indenização, motivado por atraso de quatro horas de voo no qual a juíza estava com a família, foi passado a Cláudio Ferreira Rodrigues, titular da Vara de Violência Doméstica de Campo Grande.
A audiência, marcada para 26 de novembro, foi antecipada pelo juiz para 30 de julho. Já no dia seguinte, ele deu a sentença favorável à colega.
“Viu a autora frustrar-se o conforto próprio e o do filho de tenra idade, sem receber informações sobre o motivo da demora”, alegou Cláudio Rodrigues no texto da sentença. Em outro trecho da decisão foi taxativo: “Pai de três maravilhosos filhos, bem sabe este julgador o quanto é capaz de sofrer uma mãe com algum problema”.
Campo Grande tem 29 mil ações
Moradora do Flamengo, onde teria que entrar com a ação no juizado mais perto, no caso no Catete, a juíza Luciana argumenta que o fato de trabalhar em Campo Grande permite que ela possa ajuizar ações naquela região, para evitar deslocamentos e participar de audiências.
Ela explicou ainda que a ação caiu primeiro nas suas mãos porque foi distribuída por central, que cuida do envio de processos aos dois Juizados de Campo Grande. “Declarei-me impedida para atuar por figurar como autora”, explica.
“No dia 30 de julho, o juiz Cláudio Ferreira realizou 82 audiências de conciliação, instrução e julgamento, em caráter de mutirão. Correspondiam às audiências antecipadas, relativas a maio e julho”, disse.
A meta é estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça. Segundo ela, das 82, seis tinham sido distribuídas dia 9 de julho, como a dela. Nos dois juizados de Campos Grande, há 29.001 processos.