sexta-feira, 29 de julho de 2011

(In) tolerância social. Uma readequação comportamental no plano vertical.

“... a afirmação da dignidade do indivíduo cujo reconhecimento é conquista perene e, assim, inafastável do pensamento liberal e libertário que fornece as bases para a afirmação do estado Democrático de Direito, sempre implica em reconhecimento do máximo respeito aos direitos individuais e máximo controle do exercício do poder ... A sociedade há de ser concretizada. A sociedade não é algo abstrato, mas sim o conjunto de indivíduos concretos. Os ditos e interesses da sociedade só se legitimam quando referíveis a bens individualizáveis”. (CASARA. Rubens. KARAM. Maria Lucia. Revista de estudos criminais 19 – pág.125 – ano 2005).

Vivemos o caos, aliás, vivemos no caos, e ninguém percebe isso, ou melhor, os governantes não percebem, ou não querem perceber isso, a intolerância impera, simplesmente avança de forma devastadora na mente das pessoas. E nada é feito para conter este furor. A intolerância que nada mais é, em minha opinião, umacompleta falta de habilidade ou mesmo vontade em reconhecer e respeitar diferenças existentes” passa a se apresentar em tom discriminatório, violento, devastador, como se a vontade da pessoa não tivesse sentido, quando contrária a determinada pessoa ou grupo de pessoas. Está se perdendo o direito à liberdade, não só locomotiva, mas, principalmente a de expressão, opção, religião e até mesmo a de opinião. O ódio tem alimentado o preconceito, as diferenças passaram a ser tratadas como “uma afronta”. Após o corrido nos últimos dias na Noruega deparo-me com a seguinte expressão: “...nunca mais quero ver meu filho, prefiro vê-lo morto...” frase esta proferida pelo pai de Anders Breivik o mesmo que está sendo acusado como autor do atentado naquele país Europeu. Será que, esse ódio sentido pelo pai, e expressado em rede televisiva também não é uma forma de alimentar com ódio a intolerância? Acredito que sim. A sociedade precisa enxergar e respeitar as diferenças alheias como forma de evolução, aperfeiçoamento, não como rebaixamento ou mesmo insignificância.
Uma coisa é certa, em toda a Europa a extrema direita mudou e se sofisticou. O racismo contra o judeu foi substituído pelo racismo contra o muçulmano. A intolerância contra o imigrante aumentou. A intolerância novamente imperou.
Parece que tudo isso é fruto de uma sociedade distante da nossa, ledo engano. Em nossa sociedade estamos entrando e passando por momentos obscuros e indefinidos quanto ao resultado das batalhas sociais, imposições ideológicas estão cada vez mais incisivas, intolerância ao oposto passa a vê-lo como inimigo, e isso é cada vez mais claro. E sempre me pergunto: Como será que tudo isso vai acabar? Tenho medo de que a resposta achegue-se ao ocorrido na Noruega. Tenho receio, que determinadas pessoas comecem a pensar que apenas com medidas extremistas que se pode alcançar um resultado satisfatório aos olhos da intolerância.
Não posso, ou melhor, não podemos obrigar a determinada pessoa, se vestir, andar ou falar, conforme determinado padrão, somente porque reputamos ser melhor. No entanto essa mudança de cênica no comportamento social deve-se partir das autoridades competentes, demonstrando respeito e cuidado com a diversidade. Caso contrário o desfecho esperado e indesejado certamente poderá ocorrer.   

“É preciso, pois, afastar não apenas o ridículo, mas, muito antes disso, os preconceitos e abstrações que povoam o imaginário jurídico, inadequados que são ao processo penal no estado democrático de Direito” (CASARA. Rubens. KARAM. Maria Lucia. Revista de estudos criminais 19 – pág. 129 – ano 2005).

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