domingo, 12 de fevereiro de 2012

Livro da Semana - O Discurso do Ódio - André Glucksmann

[...] Ele Floresce sem limites, invade o planeta. Passamos da era da bomba H à era das bombas humanas, Manhattam 2001, Madri e Beslan 2004, o desejo de destruir prolifera.
Não há mais um equilíbrio do terror que, no passado, era mantido pelas grandes potências. O desequilíbrio dos terrorismos dissemina um poder de destruição universal ao alcance da maioria. 
Um ódio tão fragmentado é estruturado como um discurso que responde a tudo e a todos: quando algo vai mal, não busquem mais a razão disso! A explicação já foi formulada anteriormente: a culpa é do sexo, da grana e dos imperialistas safados. 
Ao declarar guerra contra a mulher (que perturba o ego), contra os judeus (que corrompe a humanidade) e contra os Estados Unidos (que fomentam um caos generalizado), o ódio se reveste das melhores intenções. Que paradoxo, seu clamor pretende ser guardião de nossa paz. 
O ódio penetra nossa intimidade, questiona em cada um de nós a nossa razão de viver e amar.
[...]
"... Além disso, sei que você falou mal de mim no ano passado.
- Como poderia eu ter feito isso se ainda não era nascido? - respondeu o cordeiro. - Eu ainda mamo na minha mãe.
- Ah não? Se não foi você, então foi seu irmão.
- Mais uma vez, deve ser engano, pois não tenho irmão.
- Então, foi algum parente seu ... pois nenhum de vocês me poupa. Vocês todos, seus pastores e seus cães estão sempre contra mim. Alguém me alertou a respeito disso. Agora é preciso que eu me vingue."
O lobo arrasta o cordeiro para o funo da floresta e depois o devora sem se importar com seus argumentos de defesa. (La Fontaine)
[...]
O ódio acusa sem saber. O ódio julga sem ouvir. O ódio condena a seu bel-prazer. Nada respeita e acredita encontrar-se diante de algum complô universal. Esgotado, recoberto de ressentimento, dilacera tudo com seu golpe arbitrário e poderoso. [...]  


Assim é apresentado uma das grandes dificuldade do presente século: lidar com o ódio, que prolifera cada vez mais no meio da sociedade. O que mais me impressiona, é que, com o passar do tempo o formato muda, os alvos são outros e até mesmo o meio pelo qual se expressa altera, mas a essência é mesma, ou melhor, mais forte com o passar do tempo, assim é o ódio. A falta de conhecimento do fato. A mania incansável de pré julgar sem ao menos ouvir. E o pior, atitudes arbitrárias, principalmente daqueles que deveriam "dar o exemplo", são apenas ingredientes fatais para uma disseminação do ódio, em especial por parte daqueles que são vítimas diretas das atitudes aqui expostas. 

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